15 de setembro a
15 de dezembro de 2022
Curso de Cannabis Medicinal para a Área da Saúde
O Curso de “Cannabis Medicinal para a área da saúde” é destinado a profissionais graduados, que atuem na área da saúde e que desejam ampliar seus conhecimentos sobre os aspectos medicinais da Cannabis sativa L., suas aplicações clínicas, estudos científicos e suas políticas. O conteúdo programático do curso é composto por temas que envolvem os seguintes aspectos: históricos, culturais, agronômicos, químicos, farmacológicos, usos clínicos, Cannabis no SUS, aspectos jurídicos, entre outros.
Profa. Dra. Eliana Rodrigues (Coordenadora técnico-científico); Profa. Dra. Solange Aparecida Nappo (Vice-Coordenadora); Profa. Dra. Maria José da Silva Fernandes (Vice-Coordenadora), Dr. Eduardo Ferreira de Castro Neto (secretário), Dr. Giovanni Farias (consultor em Educação Online), Thamara Sauini (doutoranda em Biologia Química na UNIFESP) e Luíza Francisco Uchôa Coqueiro (graduanda em Ciências Biológicas da UNIFESP).
Com a chancela de um dos mais renomados centros de estudo do país, o CEBRID (Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas) - e com o apoio e parceira da Fundação de Apoio à Universidade Federal de São Paulo (FAP-UNIFESP), respectivamente - o curso “Cannabis medicinal para a área da saúde” será oferecido totalmente à distância, podendo o aluno assistir a esse conteúdo dentro da sua disponibilidade e conveniência. As aulas serão ministradas por 27 conceituados professores – parte deles do quadro docente da UNIFESP e parte de outras conceituadas universidades brasileiras - que discutirão o potencial medicinal da Cannabis na atualidade.
- Traçar um panorama geral e atual sobre as diversas áreas do conhecimento que envolvem os aspectos do uso medicinal da planta Cannabis sativa;
- Despertar nos profissionais da saúde o interesse pelas diversas terapias possíveis a partir do uso da planta;
- Oferecer aos profissionais da saúde conhecimentos sobre as possibilidades de tratamento com a planta;
- Promover visão crítica acerca do uso terapêutico da planta, ampliando a possibilidade de debates: político, jurídico e social, com embasamentos sólidos sobre o polêmico tema e
- Despertar o interesse pela pesquisa dessa planta por parte de profissionais das diversas área da saúde, ampliando nosso conhecimento sobre os aspectos medicinais dessa planta.
A planta Cannabis sativa L. é conhecida pelas suas propriedades medicinais há cerca de 10 mil anos, estando descrita na Farmacopeia Chinesa de Cheng Nung, há cerca de 5.000 anos. Em praticamente todos os relatos históricos a planta tem sido referenciada para diversos males, trazendo a ideia de “panaceia”, o que do ponto de vista científico não é bem aceito pela comunidade acadêmica. Porém, com o passar do tempo, os estudos químicos e farmacológicos revelaram que suas múltiplas indicações medicinais, feitas pelas comunidades tradicionais, poderiam finalmente ter uma explicação científica-acadêmica, uma vez que não apenas dispomos de um sistema endocanabinoide, mas que ele possui receptores em diversos sistemas e tecidos dos organismos vivos, para além dos seres humanos.
Com a contribuição da biologia molecular hoje sabe-se que esta espécie é composta por duas subespécies Cannabis sativa subsp. sativa L. e Cannabis sativa subsp. indica L. Ainda, pela sua longa trajetória de uso e domesticação pelos seres humanos, esta planta dispersou-se pelos diversos continentes, tem sido utilizada por diversas culturas possibilitando a geração de cerca de 3.000 variedades agronômicas da planta. Algumas dessas variedades possuem efeitos antagônicos entre si. Uma das explicações para estas diferenças resulta das diferentes composições químicas delas, cerca de 120 canabinoides e mais de 450 compostos químicos não-canabinoides.
Apesar de seu notável uso medicinal em diversas doenças, e constando na Primeira Farmacopeia Brasileira, de 1926. A partir da década de 1930 inicia-se a demonização da planta no Brasil e a perseguição policial aos seus usuários, como resultado da II Conferência Internacional do Ópio, em 1924, em Genebra. Neste evento o delegado brasileiro “Dr. Pernambuco” afirmava para as 45 delegações de outros países: “a maconha é mais perigosa que o ópio”. Em 1933, uma publicação científica brasileira relatava: “No Congresso do Ópio, da Liga das Nações Unidas, Pernambuco Filho e..... conseguiram a proibição da venda da maconha”. Em decorrência desse episódio, a planta foi removida da Farmacopeia Brasileira na sua segunda edição, em 1938, e nunca mais voltou a constar nela. Em 1961, na Convenção Única de Entorpecentes da ONU, a planta passa a ser classificada como uma droga extremamente perigosa para o ser humano.
Portanto, desde o começo da década de 1930, a postura intransigente quanto ao uso medicinal da planta mantêm-se até os dias atuais no Brasil, sendo proibido seu estudo e consumo. Esta postura resulta em um prejuízo relevante nos avanços científicos necessários para que se possa compreender os aspectos que envolvem o seu uso medicinal, considerando as suas milhares de variedades agronômicas, suas constituições químicas e como cada uma delas pode atuar em diferentes sintomas e doenças.
Neste sentido, o Brasil precisa avançar em legislações, tal como o Projeto de Lei Elisaldo Carlini 399, que permitam o desenvolvimento de estudos científicos que possam responder às questões levantadas acima. Enquanto isso, diversos avanços científicos nas áreas de: botânica, agronomia, química e farmacologia (pré-clínica e clínica), têm ocorrido em diversos países onde seu estudo não foi proibido, entre eles Israel. A referida Lei faz uma homenagem ao Diretor do CEBRID, Elisaldo L. de A. Carlini que dedicou sua vida acadêmica aos estudos do uso medicinal da maconha, de forma pioneira no país.
Sendo assim - diante da: i) percepção da ampla gama de benefícios oferecidos por esta planta a diversos tratamentos médicos, com resultados concretos; ii) ausência de controle de qualidade da planta e seus derivados como um medicamento no Brasil; iii) ausência de fornecedores brasileiros destes medicamentos de forma acessível aos diferentes estratos da sociedade e ainda, iv) parca disponibilidade de capacitação dos profissionais da saúde sobre os benefícios dessa planta - observa-se a carência de cursos que englobem conhecimentos científicos recentes para que se possa disseminá-los entre profissionais graduados interessados no tema. A criação do curso “Cannabis medicinal para a área da saúde” justifica-se pelo papel que assumirá no sentido de preencher essas necessidades.
Referências
Carlini, E. A. A história da maconha no Brasil. J Bras Psiquiatr, 55(4): 314-317, 2006.
Carlini, E. A. – The good and the bad effects of (-) trans-delta-9 tetrahydrocannabinol (Δ9-THC) on humans. Toxicon 44: 461-467, 2004.
Carlini, E. A.; Orlandi-Mattos, P.E. Cannabis Sativa L (Maconha): Medicamento que renasce? – Brasília Médica, 48, (4) 409-415, 2011.
O curso terá duração total de quatro meses envolvendo uma turma com até 1000 alunos inscritos. O curso terá início em 15 de agosto de 2022 e término em 15 de dezembro de 2022, conforme Conteúdo Programático abaixo, composto por 32 módulos, cada um dedicado a um assunto específico. Estes 32 módulos estão agrupados em sete grandes temas: 1) Aspectos Histórico-Culturais; 2) Botânica e Agronomia; 3) Química e Controle de Qualidade; 4) Farmacologia; 5) Patologias e Aplicações Clínicas; 6) Saúde Pública e Outras Aplicações em Saúde e 7) Aspectos Legais.
O curso estará dividido em quatro fases, de um mês cada. Os módulos de cada Fase serão liberados de acordo com o calendário disponível no primeiro dia de aula e estarão disponíveis a partir da data da sua publicação até o último dia de aula, de modo que o aluno possa assisti-los de acordo com a sua disponibilidade. Os 32 módulos, oferecidos na forma de aulas assíncronas, estão distribuídos em aulas teóricas e materiais para estudo complementar (vídeos, literatura, podcast, vídeo-aula, entre outras).
Seguem abaixo os 32 módulos referentes aos sete temas que serão oferecidos durante as quatro fases deste curso (destacados em diferentes cores, abaixo). No Anexo I, encontra-se a grade com os 32 módulos e os respectivos palestrantes.
Fase 1
Videoconferência de abertura do curso
- Aspectos Histórico-Culturais
- Histórico do estudo da Cannabis Medicinal
- Etnobotânica da Cannabis sativa
- Taxonomia da Cannabis sativa
- Botânica e Agronomia
- Técnicas de cultivo e manejo da Cannabis Medicinal
- Química e Controle de Qualidade
- Composição Química e quimiotipos da Cannabis
- A química medicinal da Cannabis: como a química dos componentes da cannabis determinam suas ações biológicas
- Extração artesanal e industrial da Cannabis Medicinal
- Controle de Qualidade dos produtos à base de Cannabis
Videoconferência de encerramento da Fase 1
Fase 2
- Farmacologia
- Vias de Administração de Canabinoides: Diferenças e Efeitos
- Sistema endocanabinoide
- Farmacologia Pré-Clínica do Canabidiol
- Cannabis Medicinal e o efeito Entourage/Comitiva
- Toxicologia da Cannabis sativa
- Prescrição e posologia de Cannabis Medicinal
Videoconferência de encerramento da Fase 2
Fase 3
- Patologias e Aplicações Clínicas
- Esquizofrenia
- Esclerose Múltipla
- Câncer
- Dor
- Doença de Parkinson
- Alzheimer e outras doenças degenerativas
- Depressão
- Autismo
- Ansiedade e insônia
Videoconferência de encerramento da Fase 3
Fase 4
- Patologias e Aplicações Clínicas (continuação)
- Estresse Pós-Traumático
- Epilepsia
- Cannabis no TOC, TDAH, e na Síndrome de Touret
- Saúde Mental
- Cannabis e cosméticos
- Saúde pública e Outras Aplicações em Saúde
- Futuro da Cannabis Medicinal no Brasil
- Cannabis medicinal no SUS
- Aspectos Legais
- Regulamentação Jurídica da Cannabis Medicinal
- As políticas no Brasil envolvendo a Cannabis Medicinal
Videoconferência de encerramento da Fase 4 e do curso
Pré-Inscrição
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